A história da ditadura pode ser contada a partir de intermináveis olhares. Pontuarei aqui uma das possíveis leituras que podemos realizar sobre esse momento histórico no Brasil.
Situar do local que estamos falando e tendo esse prisma talvez, nos permita colocar para o leitor eixos que nortearão nossa intervenção e, principalmente, aceitação do que será relatado aqui neste texto.
Pois bem, decidi começar de trás para frente. Partir de onde estou hoje para assim tentar compreender e demostrar como ainda em pleno século XXI, observamos práticas que já deveriam ter sido abolidas de qualquer sociedade que almeja ser civilizada.
Queremos com isso, pontuar uma sequencia de fatos que nos respaldarão para o reconhecimento de que ainda vivemos em uma ditadura sendo essa, apenas encoberta sobre o viés da democracia.
Vivemos em um país que disseram a geração chamada filhos da democracia que, somos livres. Além do mais também temos liberdade de opinião. Temos o direito à vida. Temos o direito à livre sindicalização. Temos o direito de ir e vir. Temos, temos, temos...
Em contrapartida nos dizem diariamente e de maneira velada que não temos direito de nada disso. Simbolicamente podemos estar reproduzindo uma ditadura que falamos e ouvimos no discurso do politicamente correto: não deve mais existir.
Neste momento se instaura a contradição: como posso ter direito e ao mesmo tempo ter esse mesmo direito negado? como pensar em um processo democrático consistente e sólido quando suas ações mais simples não conseguem caminhar sem um monitoramento sufocante do Estado?
O Estado que eu digo aqui, é o Estado como esfera pública de toda a engrenagem. Mas sabemos que existem cada vez mais fortes, os setores da máquina pública que utilizam esse espaço para tratar interesses muitas vezes particulares e restritivos a um grupo.
Hoje é notória a capacidade dessa estrutura hierárquica, patriarcal e classista existente no Brasil de se multiplicar dentro de uma proposta de um suposto Estado democrático de direito.
1.2 O mundo está em constante correlações de forças
A conjuntura percebida hoje, se tomarmos como exemplo o estado do Rio de Janeiro, é de total anulação de qualquer Estado de bem estar social. Observamos uma máquina pública partidária. Que segrega as políticas públicas que deveriam ser compreendidas como universais, onde essas são restitivas aos partidos ou grupo político. Nesse momento, a máquina pública é utilizada para alavancar questões partidárias e de interesses privados (englobo nesta categoria os sujeitos; amplio o olhar para além do empresário dono dos meios de produção). São setores e pessoas corporativistas ao extremo que entendem a engrenagem pública como palanque eleitoral permanente. São minorias que vivem a partir da manutenção dessa dinâmica social estabelecida: o status quo.
Esse processo consistem em evidenciar pesquisas que comprovam e legitimam através de avaliações das políticas públicas a total ineficiência do Estado em gerir sob aquilo que foi delegado democraticamente sob sua responsabilidade.
Legitimar a falência do Estado e consequentemente, da máquina pública como mantenedor dos bens sob sua responsabilidade compreende-se nesse momento a leitura do Estado Mínimo. Assim o mercado (uma dada maneira dever o mundo) dirá para o Estado as ações que nele devem ser necessárias realizar, desta forma, provendo para que a mesma engrenagem se mantenha no poder.
Esse processo consistem em evidenciar pesquisas que comprovam e legitimam através de avaliações das políticas públicas a total ineficiência do Estado em gerir sob aquilo que foi delegado democraticamente sob sua responsabilidade.
Legitimar a falência do Estado e consequentemente, da máquina pública como mantenedor dos bens sob sua responsabilidade compreende-se nesse momento a leitura do Estado Mínimo. Assim o mercado (uma dada maneira dever o mundo) dirá para o Estado as ações que nele devem ser necessárias realizar, desta forma, provendo para que a mesma engrenagem se mantenha no poder.
1.3 O poder
Chegamos na parte que compreendemos que todas as disputas tem um único ponto motivador: o poder
O momento político posto no Brasil é muito claro. Permanecer na liderança nacional uma postura de investimento em ações estatais mas não deixando de atender ao capital. Porém, mesmo com todo esse favorecimento, conseguir realizar investimentos em políticas públicas sólidas ou em contrapartida, no outro extremo, o impacto das mídias em reforçar construções únicas, pouco reflexivas a cerca das mesmas propostas governamentais. O confronto é posto. O vilão e o mocinho são bem caracterizados nessa narrativa midiática.
Fica evidente a dicotomia existente para esses do trabalhador. Já que ao mesmo tempo que este é peça fundamental para o financiamento dessas políticas o mesmo não reconhece esse feito e muito menos se apodera do capital cultural necessário para modificar essa estrutura assim mantendo uma postura totalmente, passiva para os avanços ou retrocessos delas.
Existe uma contradição estrutural nessa frase: como o trabalhador que financia toda essa engrenagem se nega ao mesmo tempo a ser parte participativa de decisão dos investimento?
2.0 A culpa é sempre do outro
A educação familiar vigente hoje é daquela que as pessoas acham um culpado mas nunca se reconhecem como participante desse resultado. Essa postura paternalista familiar é refletida no âmbito social como a recusa de compreensão como parte da engrenagem que hoje está na política. No olhar dos governantes para a população.
Isso é um vestígio de uma época muito recente vivida no pais. Poucos, hoje, conseguem gerir sobre sua vida e assumir a responsabilidade sobre as ações realizadas no âmbito privado. Sempre considera que a culpa foi de alguém. Essa atitude infantil e romantizada dificulta nosso entendimento sobre considerações que deveriam ser pertinente para uma sociedade adulta, politizada e atuante.
cont...
Rio de Janeiro 31/07/2014