quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

O acadêmico e o intelectual reduzido a pó.



Do jeito que andam sucateando o Ensino Presencial das Universidades Públicas, ninguém será louco em pagar. Quem é Classe Média, com certeza, já está articulando outros planos... se os bons profissionais já estão migrando ou se aposentando e, se os cursos não são bem lecionados, não haverá mais interesse das Classes que sabem o que buscam neste lugar. Desta forma, retira-se "voluntariamente", este público deste espaço e insere o que os "intelectuais" chamam hoje de, a "Nova" Classe Média: Pobres que ascenderam, apenas no consumo de produtos descartáveis, a Classe tão cobiçada e a qual não pertencem. O hábito cultural, pouco ou nada, se assemelha com o da classe a qual gostariam de pertencer. Essa será a tal virada cultural, que os "intelectuais" idealizaram. Destruirão a Instituição - Universidade Pública - por dentro.
            Vejo tempos difíceis para os jovens pobres: o novo público dessas instituições. Para quem não sabe o que é pesquisa, o que é uma Instituição Pública de excelência, o que é qualidade de ensino, o que é um corpo docente comprometido com o estudo, com certeza, vai acreditar que, o que está sendo ofertado é o melhor. Não existirá nem vestígio do que esse espaço já foi um dia. Todos aqueles que poderiam criar uma provocação e incomodar o status quo imposto, estão sendo excluídos deste ambiente acadêmico. Uma guerra velada e de uniformizada "intelectualidade". Irão manter, apenas, no imaginário da sociedade abastada o suposto conceito de "qualidade" desse ensino de outrora, apenas para ter um exército de jovens manipuláveis. É aí que esse projeto de Lei entra com força. Vai polemizar... Dizer que é um absurdo ensino universitário público ser pago, que a Classe Média Alta está tendo seu direito violado... Blablabla estrategicamente bem elaborado para distrair os tolos. Aguçará ainda mais, no imaginário da juventude pobre, o desejo de "ocupar" o lugar das Classes ditas superiores, de consumir o que elas consomem, sem contudo, se modificar em nada e de fato: continuarão não pertencendo culturalmente a tão desejada Classe. 
Encontrarão dentro dessas instituições um ensino de nível bem superficial, básico em tudo, com corpo docente fraco, cursos avaliados pelo órgão de pesquisa público como excelentes (!) (tudo alcançado mediante acordos políticos), discurso doutrinário, umas bolsas de manutenção (para a briga e o filtro da pobreza ficar ainda mais "emocionante" e o estudante, sua família e amigos, ficarem ainda mais agradecidos pela maneira assistencialista com que o Estado se "preocupa" com a sua educação e o seu futuro), a figura de um governante será endeusada, o jovem e todos os seus pares, ficarão agradecidos tão cegamente a esse personagem que acreditarão que, ele (quase o salvador!) desejou algum dia o bem desse jovem e o bem do país.
No ambiente acadêmico terão muitas festas, bebidas e drogas. Tudo dentro da construída ideia de "normalidade" acadêmica, claro!! Vão criar programas para esses novos "universitários" viajarem em nome da "pesquisa" e da "ciência".
Os jovens irão até agradecer determinado governante por ter "oportunizado" o "ensino", a "pesquisa" e o "crescimento" da "ciência". Essas pessoas abastadas irão dizer em tom libertário que, agora vai ter pobre médico (mesmo sem saber ler nada em inglês!), que terá muitos pobres doutores (sem falar e/ou escrever corretamente e sem saber nada sobre pesquisa), esses personagens empoderadxs esbravejarão: vai ter filho de faxineira sendo "doutor", sim!! Como se o trabalho de faxineira fosse algo de humilhação humana absoluta e assim, agora, não só o jovem, como a família e os amigos acreditarão nesta falácia construída afinal, é o "diproma" que vale!! É o status que importa! O que importa é parecer e assim, todo mundo antes abastado acreditará que, tem o "direito" de estar alí, desde que nada mude, na vida social. E quem pensava que a mobilidade social era difícil, perceberá que ficará ainda pior! Pois, a estratificação se encontra no cultural. No invisível que não permite tão facilmente a tão desejada mobilidade. Vai descobrir que tudo isto conquistado sem esforço nenhum, tem um preço muito caro! E assim, sem o exercício do estudo, sem dedicação de tempo, sem dificuldades, sem conhecimento, sem treinamento... Sem nada que o obrigue a questionar essa realidade ilusória, cairá no fracasso já declarado e assim, como todo enredo, chegará no clímax do texto... Tudo fazendo parte de uma verdadeira vida de novela...
Tudo isto será ainda mais "sofisticado" do que antes já existira. Terá muito dinheiro internacional para "empoderar" as mulheres e afeminar os homens. Assim, para quem nunca conheceu o que esse lugar de SABER já foi um dia, a oferta de "felicidade" fica ainda mais encantadora. Aceitarão com muito mais passividade o que está sendo ofertado.
Vale dizer que, esse lugar foi sempre da Classe Média Alta. Pobres eram poucos, mas conscientes do que faziam lá dentro. Democratizarão a inserção dos pobres porém, não os educarão sobre esse espaço. A briga intelectual era para quem sabia/aprendia a sobreviver no meio dos melhores. Para o pobre, era chegar a um lugar que não lhe pertencia e faziam questão de lhe dizer isto, diariamente. Para estar e ter o privilégio, era importante ter consciência do por quê estava naquela Instituição. O diploma valia por si, só! O Capital Cultural alcançado por esse seleto grupo de pobres, era a garantia de ascensão financeira e social no seu futuro. Infelizmente, observamos a decadência dessa classe popular que ascendeu nas últimas décadas. Observar pobre querendo ser um deles nas piores coisas, é o fracasso anunciado. A vaidade consome os seres humanos, já era assim e vai piorar.
Talvez, se a Sociedade participasse mais, isto teria outro caminho. Mas, como nunca se importaram, não acredito que queiram saber, agora, o que acontece nestas instituições. Portanto, prevejo logo, logo... jovens pobres sendo futilmente moldados, viciados, improdutivos, inquietos no seu pertencimento a Classe que sempre estiveram e, principalmente, exigindo que o Estado continue lhe sustentando.
Pronto, robô formatado com êxito!
Se você chegou até aqui neste texto, sabe que esses já estão assim, né? Hehehe
Já esbravejam que tem "diproma"! Já tem "títulos"... São até mestres e doutores em coisa nenhuma! Uma ascensão absurda para quem nada tinha...
Banalizaram o título e assim, colocaram em dúvida o diploma dessas instituições públicas de renome. A ascensão pelo lugar do título, já não causa tanta credibilidade. Na verdade, hoje, o papel timbrado destas universidades, a cada dia, causa mais dúvida sobre o profissional lá formado.
O que importa agora é apenas se, esse aluno conseguiu se moldar perfeitamente a cartilha ensinada por esses novos professores, esses novos "intelectuais" que entendem muito de militância e pouco do fazer profissional. Isto, intelectualmente falando, é uma perda imensurável! Corrompeu-se por dentro das instituições públicas.
Tudo isto com bastante financiamento público e "parcerias" internacionais.
A futura Sociedade que se preocupe com esse exército de gente frustrada com "diproma", que acha que tem "direito", que tem cota para tudo, que o Estado tem a obrigação de continuar lhe sustentando e, principalmente, são visto hoje como os com "diproma", mas sem emprego! Um mal anunciado há muito tempo, porém sem darem a devida importância.
Agora, cabe a sociedade, lidar com esses acadêmicos frustados e, principalmente, recolocar os sonhos no seu devido lugar prático.


Abraços,

JF.