terça-feira, 19 de abril de 2016

Livre

Sentei na mureta de pedra
Olhei para baixo, uma altura considerável.
Olhei ao redor, ninguém próximo.
Estava sozinha.
Ao longe apenas um trabalhador que também contemplava a paisagem enquanto fazia a pausa do seu trabalho.
Calmaria.
O vento batendo.
O cheiro do mar invadindo a atmosfera...
Me permitindo sentar e contemplar essa paisagem como nunca fora feita por mim.
Como que por um impulso de me sentir desprendida de tudo...  De me permitir ser livre de tudo, sentei na mureta com os pés solto no ar.
Vontade de deixar de ser gigante apenas para poder se permitir sentir.
Queria sentir meus pés balançando no ar. O vento batendo.
O cabelo e a roupa esvoaçando.
O cheiro do mar impregnando.
Sorri!
Foram os segundos mais longos...Assim permitindo que o prazer fosse emanado em cada poro do meu corpo.
Sorri!
Mas sou interrompida por alguém..
O rapaz foi enfático em me lembrar:
Da regra.
Do NÃO.
Do receio.
Do proibido.
Do MEDO.
Do perigo.
Do uniforme.
Disse, muito seguro de alguma regra desconhecida por mim, que não podia ficar com as duas pernas para fora. Apenas uma, disse ele de maneira bem enfática!

Me restou apenas sorri, não compreendendo a tal regra. Agradeci pela preocupação.
Ele se retirou.
A mim ficou o incômodo em saber por onde ele surgiu.
Olhei entorno, novamente estava sozinha.
Neste momento, sorri por total incompreensão da situação vivida.
Da criação da regra.
Da necessidade de mesmo em um espaço livre, sermos controlados. Vigiados.
Da polidez que nos limita de viver.
Às vezes somos interrompidos tão bruscamente da possibilidade de estar com a gente mesma, que me aflige essa maneira acelerada e desumanizante de existir no mundo.
Um pouco de silêncio não faz mal a ninguém!!

JF.

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