domingo, 15 de maio de 2016

As mudanças

De repente alguém reapareceu.
Vi pelo seu contentamento as suas lembranças de outrora.
Me olhou com admiração.
Com uma alegria para além da que eu poderia esboçar pelo reencontro.

Conversou sobre suas conquistas. Sobre suas mudanças. Sobre suas fraquezas amenizadas.

Com empolgação se referiu a mim como uma importante personagem na caminhada desse processo.

Com um mister de surpresa e contentamento disse que não merecia tamanho apreço. Lembrei que a vontade de mudar sempre foi dele, estando apenas adormecida.
Se pude contribuir para que você acreditasse mais em você, sinto-me agradecida.

Ficou apenas a gratidão pela VIDA compartilhada!

JF

sábado, 7 de maio de 2016

Um novo caminho

Me vejo sendo convidada para as festas.
Percebi ao longo desses quase 35 anos de vida que a minha autonomia já conquistada, hoje, parece ser o meu próprio encarceramento.
Alguns anos que percebi a ausência da confirmação de minha parte, se levaria alguma companhia.
Quer dizer... Nunca perguntaram!
Conquistei algo extremamente absurdo na sociedade em que vivo: não ter bengala.
A certeza de poder caminhar apenas em minha companhia. De desbravar o mundo sem medo. De não esperar qualquer chantagem emocional para dizer se irei.
Para alguns isto deve ser algum tipo de atitude bem arrogante.
As pessoas contam apenas com a minha presença e ponto. Engraçado é perceber o que representa essa ausência de referência.
Talvez eu mesma não havia percebido isto como uma reação das pessoas a uma maneira muito absurda de como me coloco neste mundo cão.
Enfim, pouco delicado seria eu perceber que os demais convidados tem autorização para levar acompanhante sem nem mesmo perguntarem sobre a tal possibilidade.
Está posto, entende?
Está posto que eu aparecerei sozinha. Está posto que eu não preciso verificar a agenda de outra pessoa para assim confirmar ou não minha presença. Assim chegam ao cúmulo de exigirem até mesmo confirmação imediata.
Andamos em uma engrenagem bem louca, penso eu!
Em contrapartida me cansa tamanha formalidade dessas ocasiões. Tudo muito plastificado. Ordenado demais para que eu considere que exista VIDA!
As pessoas, na prática, andam pouco modernas.
E assim...
Essas festas viram o tédio social e eu já sem muita delicadeza, não me permito nem mesmo mais a ir. O meu tempo a cada dia é mais precioso. Nem mesmo o encanto pelo aniversariante anda me motivando para esses entraves sociais.
O que antes eu percebia e fazia um esforço de ignorar hoje já cai no meu grau de intolerância.
As festas seguem um roteiro mesmo que sem interferência do cerimonialista.
Fico percebendo os machos alfas comprometidos que não possuem a certeza sobre a emoção que ainda sentem pela pessoa que está ao seu lado, dedicando seu tempo na festa a, sem nenhuma cerimônia, flertar com uma pessoa desacompanhada.
Percebo que a mulher, por sua vez, acreditando ser linda, bela e ter o seu cabide é suficiente para responder os anseios da sociedade.
Confirmo nas longas e cansativas conversas toda essa realidade robótica. Os diálogos são sempre bem variados e empolgantes, quanta hipocrisia!! Mas sei que no âmago possuem sempre os mesmos temas: filhos, casa, do tédio da relação ou a maravilha dela, a família, da falta de tempo e por que não dizer do futuro casório? Afinal já namoram há muito tempo.
O roteiro desses encontros são sempre assim!
Sinto falta da dança. 
Dos corpos no lugar dos copos. 
Do sorriso. 
Dos olhares. 
Das luzes da pista de dança. 
Da dança a dois. 
Dos trenzinhos. 
Das músicas bregas de fim de festa.
Da pouca bebida que permitia as pessoas serem elas mesmas.
Do tímido que se esforçava para dançar assim impressionando a todos da pista de dança. 
Dos corpos se encostando. 
Da sensualidade sentida em cada poro do corpo.
Com isto tudo, dizem que evoluímos.
E eu?
Tenho tédio disto tudo e assim ando ficando cada dia mais seletiva. Já considero que não posso ir a qualquer lugar, a qualquer festa, a me permitir uma conversa com qualquer pessoa, a sorrir sem que me sinta vigiada... Esse sufocamento social anda me cansando, muito!!! Já não tenho tempo e muito menos um cabide para ter que me enquadrar em tantas insanidades.
Os espaços sociais e de amizades cobram novos rearranjos como forma de sobrevivência da VIDA que agoniza por um pouco de ar puro!
JF.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Desvio

Ando...

Ando com o meu mundo tentando encontrar com um outro mundo, apenas.

Se possível, tentando construir um terceiro mundo. Esse construto, tem que ser melhor, é claro!

Sei lá...

As frases que escuto às vezes me inquietam... Talvez quem as disse não se tenha dado ao trabalho de filtrá-las antes de dizê-las.
Apesar...
Creio que não. São frases muito bem elaboradas. Justificando o injustificável. Um auto convencimento que não me permite opinar. Vira um monólogo. Nesse dilema, apenas ouço com atenção.
Fala-se do outro com muita propriedade. Como se a culpa da sua confusão interna fosse exclusivamente do outro. Os erros. As opiniões enfáticas. As certezas. Tudo em referência ao outro.
Desequilibram, absurdamente, aquele que supostamente gostaria de ficar.
Ouço e penso:
O MEDO não permite que avance. O medo não permite que fique.
Com isto tudo, me resta apenas a compreensão. Deve ser difícil mesmo escolher ser enganado do que se desafiar ser todo dia a sua melhor versão para si mesmo.

Quanto a tudo que disse... Eu ouvi! Mas são apenas palavras em detrimento daquilo que foi compartilhado.

Não considero que fez por mal. Me compreender, de fato, nunca é uma tarefa das mais simples, automática ou repetitiva. Não existe um manual. Afinal, eu não acredito muito nos manuais! rs
Esta minha crença vale para qualquer ser humano. Eu acredito muito mais no ser humano que construímos em comunhão. Tenho certeza, que o seu ser humano foi o melhor que podia ser comigo. O respeito norteou nossa convivência. Chega ao fim por necessidade mútua de expansão. De proporcionar aos demais aquilo que conseguimos com tamanha parceria. A felicidade não cabe em mim em observar o quão grande nos tornamos. Conquistamos aquilo que traçamos como nosso objetivo comum. Finalmente, não mais necessitamos estar juntos ao menos se assim desejarmos. É tempo do adeus.
Perceber esse momento nunca é fácil.
Perceber o impacto nas nossas escolhas, também não é. Prolonga-se por mais um  tempo. Vai ficando distante. Pouco acessível. Pouco visível. Até que desaparece...

Fato é: as frases se repetem.
Nisto já não sei com quem estou falando...

Sempre a mesma ladainha...

De um lado ele se justificando o quão diferente somos. O quão trivial são seus hábitos ou vícios. Isto tudo determinaria a impossibilidade de qualquer convivência a longo prazo. A famosa síndrome de Gabriela atinge muito mais os homens do que as mulheres, creio eu!

Como sempre... Justificando o injustificável. Ultimamente, já não questiono mais nada...

O tempo que dedicamos ao outro, não volta. Por isto procuro compreender muito bem para quem forneço o meu. Não sofro. Não me ausento. Não nego dedicação. Mas cobro. Cobro zelo em cada segundo disposto a estar ao meu lado. É cansativo, diriam os que não compreendem o tamanho envolvimento das partes neste processo.
Outros com dificuldade em ir, atravancam tudo. Podem até mesmo dificultar muito o crescimento do outro. Por medo da partida, prejudicam a todos. A hora de ir, é a decisão mais difícil. Essa, eu diria, é o drama humano.
Como ficar feliz com a partida de alguém? Como perceber que nosso encontro teve o motivo de nos tornarmos melhores? Mais evoluídos, mais humanos, mais corajosos, mais felizes, mais vaidosos, mais simples, mais sorridentes, mais fascinados pelas descobertas, mais sóbrios...

Eu diria que essa loucura toda não mais me impacta. O tempo do adeus fica mais simples quando uma conversa com tom ameno determina o término do que já foi vivido.

Sem delongas
Sem dramas Hollywoodiano
Sem lágrimas

Afinal, o sorriso e as lembranças resumem a convivência, a cumplicidade, as conquistas e o crescimento mútuo.
Para que justificar com dramas ou supostos motivos bem dramáticos o que foi belamente vivido em comunhão?

Guardaremos, tenho certeza, na memória cada dia, cada conquista, cada desafio, cada olhar, cada desejo, cada quase beijo, cada quase abraço...

Nunca foi e também nunca será.

JF.

PS: Dos contos que dois contam...rs